quinta-feira, 6 de abril de 2006

Francisco Buarque de Holanda

O Chico Buarque deveria ter um epíteto: O Gênio

"A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu" (trecho de Pedaço de Mim sobre a saudade)

"Assim como ele veio partiu não se sabe prá onde; e deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe. Esperando parada, pregada na pedra do porto; com seu único e velho vestido cada dia mais curto" (trecho de Minha História, no qual ele conta que a mulher - mãe - virou prostituta)

"Chorar sua vida vivida, em vão(...) Chorar o seu tempo vivido em, vão" (trecho de Ai, se eles me pegam agora, falando de arrependimento)

"Pelo cordão perdido, te recolher prá sempre, à escuridão do ventre, curuminha, de onde não deverias nunca ter saído" (esse trecho de Uma canção desnaturada, faz parte da Ópera do Malandro, momento em que a personagem Teresinha abandona a mãe para fugir com um mau caráter. A mãe, desapontada, diz isso para ela)

"O tempo passou na janela, só Carolina não viu" (Carolina fala de vida reprimida e mal vivida, de tristeza e arrependimento)

"Quero ficar no teu peito, feito tatuagem. Que é prá te dar coragem prá seguir viagem depois que a noite vem." (Tatuagem é um dos muitos exemplos em como Chico explorou com genialidade a alma feminina, assumindo o eu-lírico feminino)

"Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida, pra agradar meu coração. E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado, ainda quis me aborrecer. Logo vou esquentar seu prato. Dou um beijo em seu retrato e abro os meus braços pra você" (Com açucar, com afeto novamente incorporando o eu-lírico feminino, da mulher apaixonada pelo marido boêmio)

"O amor não tem pressa ele pode esperar em silêncio, num fundo de armário, na posta-restante, milênios, milênios no ar. (...) Futuros amantes quiçá, se amarão sem saber, com o amor que eu um dia deixei prá você" (Futuros Amantes fala do amor incondicional, do amor verdadeiro que não acaba nem com o tempo, nem com a frustração de ser somente platônico, de existir somente na imaginação)

"Me dê a mão, a gente agora já não tinha medo. No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido" (João e Maria fala da inocência, da nostalgia de um tempo, da lembrança)

"Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro: chave, caderneta, terço e patuá. Um lenço e uma penca de documentos pra finalmente eu me identificar, olha aí. Olha aí, ai é o meu guri" (O meu guri é uma crônica. O eu-lírico feminino, dessa vez a mãe de um marginal que o defende com orgulho de mãe-coruja: insiste em não aceitar a realidade de que o seu filho é escravo do crime)

Apenas alguns excertos, que simbolizam uma parte ínfima da obra dele, mas que me tocam de alguma forma.
Para quem gosta e quer mais, sugiro o site: www.chicobuarque.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

"Dei pra maldizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço. Te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou tua. Só pra provar que inda sou tua"(Atrás da Porta). Porque ele sabe que mulher com orgulho ferido é o cão chupando manga...porque ele é assim, tão, Chico!

Anônimo disse...

Créditos de Atrás da Porta também a Francis Hime...justiça seja feita!

Anônimo disse...

Ainda mais nesse caso, que se a justiça não fosse feita, seria como um crime!