quinta-feira, 20 de julho de 2006

Uma festa qualquer

Uma música embalava a alma. Uma magia no ar. Algo diferente aconteceria na vida daquele reles mortal. Arrumava-se de um jeito diferente para ir àquela festa. Não sabia o por quê, mas tinha uma certeza: aquela não seria mais uma das muitas festas que iria, despretensioso. O destino reservava para aquela noite, cadeira cativa na platéia da felicidade. Encontraria um certo alguém? O grande amor da sua vida? Como sabê-lo?
Do outro lado da cidade, se arrumava para a mesma festa, aquela que mudaria os rumos da sua existência. A única capaz de controverter a técnica milenar da quiromancia que acusava nas mãos dele, infelicidade eterna no amor. A linha do amor das mãos dela era curta, igualmente confusa, apagada como a dele. Era incrível, mas ela também estava embalada por uma sensação ímpar de prazer iminente. Sentia no ar, um toque especial de desejo a ser concretizado, tão logo.
Chegaram à festa. Tinha gente para todos os lados. Muita. Muita gente! Para dar uma volta perimetral no salão, eram necessários uns 65 minutos. Ou mais. Quem sabe? Dependeria da velocidade média dos passos de cada um...
Ele pensava como seria ela. Ela procurava nos rostos do salão, uma idealizada forma de amor. Predestinados a viver um grande amor! Quem saberia? Exaustivamente, procuravam, não se sabia ao certo a que, ou melhor, a quem, mas procuravam o que nem tinham perdido ainda. Claro, já que nem tinham achado!
Jamais desistiriam. Persistentes, encararam muitos rostos, fitaram muitos corpos, fotografaram muitas retinas, tocaram em muitas mãos. Muita gente na festa. Não se encontraram. Era melhor começar a dar crédito a quiromancia.