quarta-feira, 29 de julho de 2009

amar dói

Saíram da festa tão bêbados quanto conscientes. Ainda bem. Em tempos de "lei seca ao volante" não é bom facilitar. Ela estava com mais duas amigas. Ele pediu carona. Não teve como negar. Mas ela estava muito determinada a não ceder às investidas. Que na verdade poderiam ou não vir. Assim, bem confuso, como ele costumava ser.

Chegaram na lanchonete. As duas amigas que estavam no banco traseiro deixaram o carro rapidamente. Ela foi deixar o carro, mas acabou impedida. Ele disse:

- Acabou.

- O quê?

- Eu vi ela beijando outro.

- Ah, não. De novo não. Acha mesmo que eu mereço?

- Não, não...é que não sei...

- Novidade! Você nunca sabe de nada.

- Não sei se saio do carro ou te beijo.

- E o que uma coisa tem a ver com a outra?

- Tem que agora estou livre de verdade.

- Engana-se. Agora que começou teu problema. Vai querer saber de todo jeito quem é esse cara, o que ele tem que você não tem, como ela pode te esquecer tão rápido e se um dia poderá se sentir como ela se sente, ou seja, feliz.

- Isso é tolice. Coisas de mulher!

- Coisa de ser humano. Que ama. E falando nisso, se o seu problema está começando, como podemos perceber, o meu acabou de terminar: não sei quanto a você, mas eu vou sair do carro, tomar meu lanche e não vou mais falar disso com você, ok?

Silêncio. Ela abriu a porta e saiu do carro. Ele permaneceu lá dentro por alguns segundos. Ela bateu forte a porta, cerrou os olhos em arrependimento e começou a chorar. Amar dói. Ainda mais quando aquele a quem se ama não sabe corresponder.