terça-feira, 4 de março de 2008

Como não se comportar em uma entrevista - Parte 3

A proposta era uma coisa de louco: você tinha que desenhar uma de suas mãos de forma que a mão traçada fosse a que você costumava usar para escrever. Parece confuso? Quem fosse canhoto, deveria usar a mão direita para desenhar e vice-versa.
Em seguida, em cada um dos dedos você deveria colocar uma qualidade e no dedão, um defeito. Na palma da mão deveria ser escrito como você se projeta daqui cinco anos (isso é uma bosta! eu lá sei se estarei viva daqui cinco anos! Posso estar vendendo pastel na Riviera Francesa...será que eles comem pastel lá?). Assim foi feito. É lógico que eu não consegui terminar, mas a psicóloga, que nesse caso era uma mocinha muito simpática, tirou a bic da minha mão. Cada um deveria apresentar o que escreveu. Queria dizer logo e acabar com aquele circo todo, mas tive que aguardar minha vez. Eis que uma mulher (sim, ela não era mais uma garotinha de 19 anos) diz uma de suas qualidades ser a humildade. "Olha, sou muito humilde". Gente, pára tudo! Humildade não é qualidade, é conduta. Ninguém diz que é humilde e sim prova pelas atitudes. A única coisa que ela provou foi que a modéstia passou longe e que a prepotência estava logo ali. Olhei para ela, em seguida para as psicólogas que assitiam a explanação. Elas estavam com os olhos arregalados e escreveram algo na prancheta. Provavelmente "essa humilde tá fora". Tive vontade de rir, mas em seguida de chorar. Respirei fundo.
Não contente, mais uma surpresa me aguardava. Um outro candidato diz que um de seus defeitos é ser perfeccionista. D-U-V-I-D-O! Ele devia ter dito que o defeito dele é ser burro. Olhei prá baixo, respirei novamente. Quer dizer que fazer seu trabalho com esmero, cautela e dedicação é defeito. Ai, que burro, dá zero prá ele! Isso mostra apenas que o ser não tem discernimento de suas próprias fraquezas e nada de autocrítica.
Eu, particularmente, me saio melhor falando dos defeitos do que das qualidades. E sempre acho que meus defeitos são qualidades, depende apenas do ponto de vista. No caso, disse que era cabeça-dura, não sabia lidar com frustração, imatura (mas sempre disposta a mudar!) e implicante. Além disso, disse que não saberia planejar o que seria daqui cinco anos. Será que vou passar?