quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O caminho das borboletas

"O novo e o velho coexistem para que haja equilíbrio" - ela escreveu em seu pequeno caderno de viagens o que havia escutado em outro idioma no meio da multidão que visitava uma cidade em ruínas. Ficou pensando em seu avô, acamado após ser acometido por uma doença, que fez com que a família voltasse toda a atenção para aquela situação com a certeza de um término sem data marcada. Alguns, que há muito não se falavam, simplesmente porque a vida é assim, passaram a se encontrar quase diariamente, com o objetivo de prestar toda a assistência ao enfermo. A razão não era nada boa: doença. Mas alí havia sim a clara relação do velho com o novo. A doença motivou o resgate de uma referência que se perdeu na volatilidade do cotidiano. O velho dá suporte para o novo e o novo protege o velho, para que ele não esmoreça.
Absorta em seus pensamentos, se percebeu, em algum momento de consciência, que estava sozinha. Respirou fundo para recobrar a calma. Um pouco apreensiva, andou em círculos pela trilha. Gritou algumas palavras que não tiveram eco. Pensou na relação do novo e do velho. Pensou que, mais que o equilíbrio, essa relação seria um caminho.

A borboleta vive nessa relação do novo com o velho. Encapsulada no casulo está o corpo maduro que, na hora adequada, se livra da carapaça e, com asas novinhas, ganha o infinito das possibilidades.

"Devo seguir o caminho das borboletas" -pensou. E em poucos instantes, lá estavam elas, batendo as asas e a conduzindo para uma saída. Pouco importava se era a ideal, a esperada, a única. Mas era a possível naquele momento.

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