domingo, 8 de julho de 2007

A moto seguia em alta velocidade pela estrada, à esquerda da pista. Estrada boa! Duplicada, pista recapeada recentemente. Rumava a esmo. O farol apagado: não queria ser notado. Cem metros adiante, na mesma estrada, um treminhão transportava toneladas de cana. Queria chegar logo, mas tinha consciência que seu lugar era ali, à direita. Mas viu um obstáculo, não conseguia identificar. Deu luz alta e nada. Saiu para a esquerda, afinal, o espelho retrovisor dizia que ninguém vinha atrás. A moto pensou que dava tempo e resolveu nem avisar. Não deu. Um barulho. O caminhoneiro nem ligou, pensou que alguma feta de cana caíra no chão. Mas um barulho de ferro arrastando mantinha-se insistente. Foi para o acostamento e o que viu foi horror: um caminho de sangue, que terminava na sua terceira carreta, onde havia também pedaços de ferro preso e pedaços humanos.
Vomitou. Tentou desvencilhar o caminhão daqueles restos. Na seqüência, um ônibus passava. Reduziu a velocidade e baixou os faróis, na tentativa de saber o que havia ocorrido. A cena chama atenção de uma passageira do ônibus, que se aproxima da janela. O que se ouve é um grito de pavor. O boné, os pedaços de camiseta e a placa da moto: era seu o sangue derramado pela estrada. Seu filho era quem dirigia a moto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vi um atropelamento domingo. sempre que isso acontece penso que pode ser alguém que eu conheça. Fico aliviada quando vejo ser mais um desconhcido. Esse alívio me faz um certo mal tb!

Marcelo Tárraga disse...

Isso tudo é estranho...bem estranho. Sinistro. E que descriação poderiam dar ao acidente lamentável da TAM...
Estou meio atônito, por esses dias.
Paremos com a beleza "infeliz", ou "desbeleza" infeliz. Façamos elogios a translouquência da vida: o maior don divino. De qualquer forma, ficou muito bom no que se propôs.

Chega, pára, só pode ser brincadeira essas tagédias infindas.

Beijos e saudações a nossas vidas, em meio a tudo isso...