segunda-feira, 28 de maio de 2012

Solidão

Ela vivia em um apartamento em uma cidade grande, morava sozinha, tinha um bom emprego, tinha alguns amigos. Cursou uma boa faculdade. Com alguns amigos dessa época ela ainda tinha contato. Era um pouco misteriosa, não era afeita a barzinhos, mas gostava de baladas. Algumas. Tinha um passarinho azul de peito branco que chamava carinhosamente de Dó. Mas era por causa da primeira nota musical.

Vivia sua vida de maneira correta. Ou ao menos tentava. Se envolvia casualmente com alguns caras, mas nenhum dos casos durava mais de dois meses. Ela não se importava. Sempre havia alguém novo e disposto a conhecê-la. Ela era muito bonita, chamava a atenção de homens e mulheres. Gostava de se cuidar. Tinha os cabelos longos, negros, pele bem branca, olhos verdes. Era agradável, não muito sorridente, contudo simpática.

Sua semana era organizada entre trabalho, afazeres domésticos, cinema e livros que sempre ficavam por terminar na sua cômoda. Ela tinha o hábito de começar uma história e quando estava do meio para o fim iniciar  outro livro, deixando aquele por terminar.

Pagava suas contas em dia, era muito bem quista pelos vizinhos e nunca tinha recebido qualquer reclamação. Vivia, na verdade, em um pleno silêncio na maior parte do tempo.

Um dia ela se matou. É, banal assim mesmo, porque o fim das coisas quase sempre é banal. Saiu de casa, foi ao supermercado comprar algumas coisas e na volta parou e contemplou o pôr do sol. Deixou as sacolas por um instante de lado e saltou do viaduto. Todos ficaram sem entender. Mas se matou por que?

Solidão.

Há quem não suporte a solidão e enlouqueça, andando por aí falando aos quatro ventos sem qualquer interlocutor nas ruas das grandes cidades, em praças e supermercados 24 horas. Há quem goste tanto dela, que fique fissurado a ponto de escolhê-la para sempre.

Nota: Qualquer semelhança com alguma história que conheçam é mera coincidência. Apenas coincidência...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Maria do Mundo,a solidao é importante para que um dia ela seja preenchida, para que o tempo seja amigo dela, pois um dia, por mais inocente e bonito momento, ele acontece,mas uma coisa percebi, não devemos recusar solidao, pois solidão é silêncio, silêncio é ação e ação é movimento, e se movendo posso sair do lado da solidão, claro se isso for importante para você. Parabens Maria do Mundo.

PS: devia ter conhecido essa mina antes dela pular, gostei do perfiu dela.

Fanzine Episódio Cultural disse...

LÁGRIMA DE CRIANÇA

Na lágrima de uma criança
Encontra-se a semente
De um nova e eterna alegria.

(Agamenon Troyan)